ARISTÓTELES E O SAMBA BATEM OUTRA VEZ NO CORPO DOS AFETOS

Por Tida Carvalho

Pensar com todo o corpo
uma beleza/sensação que
faz com que a mente/corpo
exceda a si mesma.

Só acreditamos naqueles pensamentos
que foram concebidos não no cérebro
mas no corpo inteiro

o coração/corpo pensa.

entre blanco branco transblanco
octavio paz haroldo de campos
desenham o corpo da linguagem:
o espírito
uma invenção do corpo
o corpo
uma invenção do mundo
o mundo
uma invenção de espírito
não sim
irrealidade do visto
a transparência - o que resta ao fim de tudo

teu corpo
derramado em meu corpo
visto
esvaído
dá realidade à visão.

Corpo/corpo:

ambos, pensar e perceber, são processos corporais...

Corpo/luxo:

o capaz de pensar
pensa as formas,
portanto,
em imagens...

abrir/reabrir as janelas da vida/corpo

nós: Aristóteles, Paulinho da Viola, Hugo Lima e Tida Carvalho

nesse espelho de afetos, afeta-nos uma leitura da linguagem no mundo, ou, talvez, de como o mundo é uma propriedade da linguagem, ou ainda, de como o corpo da linguagem só pode ser um corpo de afetos e aferições de sentidos/sensações. A palavra é também uma propriedade e uma estranheza do corpo.

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Tida Carvalho é poeta, ensaísta e escritora. Natural de Caratinga (MG), graduada em português/francês e suas literaturas. Tem mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC-MG e doutorado em Estudos Literários pela UFMG. É autora do livro "O Catatau de Paulo Leminski, (des)coordenadas cartesianas" (Editorial Cone Sul, 2000) e, entre suas publicações, incluem-se "Quem me dera ser onda: carnavalização e utopia" (Cadernos CESPUC de Pesquisa, série Ensaios, n6), "O sonho: Borges, Murilo Rubião e Machado de Assis" (Suplemento Literário, n50, agosto 1999), além de diversas colaborações em coletivos literários como Paideuma, Dezfaces, Barkaça, entre outros. Atualmente, mora em Belo Horizonte.